abril 17, 2011

Quantos morreram?


MORRERAM 5.000 PESSOAS POR CONTA DE UM TERREMOTO NA...
MORRERAM 100 CRIANÇAS NA...
MORRERAM...

Hoje, no ambulatório de Hematologia, cheguei cedo e juntamente com um amigo estávamos discutindo sobre a morte (interessante que acabei de ler no blog do MH sobre mesmo tema). O que estávamos debatendo antes de iniciarmos a prática foi o quanto a naturalidade da morte se encontra banalizada em nosso meio. Morrer está ficando para além do natural. Isso mesmo. Atente aos noticiários, jornais, situações cotidianas e perceba o quanto os números estão sendo valorizados em detrimento da pessoa humana. Pessoa humana? Pois é... As atrocidades de um mundo perverso e destruidor, por conta da ação do próprio homem, diga-se de passagem, estão permeando um universo banal do morrer. Morreu e acabou-se, é claro. Claro? Será que estamos perdendo a sensibilidade e nos acomodando a situações extremas? Quantos mais precisarão morrer para nos darmos conta da catástrofe que estamos presenciando? Não me venha com frases que "o mundo é assim mesmo", porque isso eu não concordo. É preciso repensarmos o valor de um ser humano, quando por muitas vezes, até um animal de estimação vive como rei, enquanto há pessoas que estão na miséria, sem nada para comer. Não sou contra cuidados de animais de estimação, não! O que quero chamar atenção e, volto para o início do texto, é que estamos nos adaptando a uma realidade desumana, ou seja, que foge aos padrões de bandeiras erguidas por muitos, como o amor à vida, direitos humanos... Nem se tem mais direito para se morrer bem, atualmente. Estranho, não é? Morrer bem... Pois é... Os pensamentos se entremeavam antes do início daquela aula prática. Precisamos lutar para não perder o restinho de sensibilidade que persiste, antes que sejamos encovados dentro de nosso próprio mundo. Que as manchetes não apenas divulguem os números para que entendamos o sublime e real valor da humanidade.

Por: Hugo Otávio
Data: 15/04/2011

Um comentário:

Mente Hiperativa disse...

A vida (e a morte) viraram produtos veiculados pela mídia, fabricando assim pessoas indiferentes em relação a esse assunto.

INfelizmente passou a fazer parte do noticiário, e porque não do nosso cotidiano, tais manchetes que você citou:

MORRERAM 5.000 PESSOAS POR CONTA DE UM TERREMOTO NA...
MORRERAM 100 CRIANÇAS NA...
MORRERAM...

Às vezes penso que quando são desconhecidos qe morrem parece que não toca mais o coração das pessoas, parece que não passam de números. Mais números. E se fosse alguem da familia dessas pessoas? Acho que a percepção seria outra, deixariam de ser apenas números pra serem pessoas palpáveis.