setembro 24, 2010

Mal estar...



Eram quase oito da noite, quando eu finalmente havia descido do ônibus.
Encontrava-me cansado, porém, radiante e animado para a ocasião.
Repleto de expectativas pois faria algo que, de fato, gostava.
Caminhei, percorri pela longa rua escura, mas nada parecia fazer-me parar,
Afinal, existia um objetivo maior que me impulsionava,
Caminhei, dobrei à esquina, avancei... cheguei!
Lá havia pessoas conhecidas,
Mas, olhando os ponteiros do relógio, sabia que iria demorar.
A ocasião não tinha horas para acabar,
Nem sequer para começar.
Adentrei no recinto,
Cumprimentei os indivíduos,
Sentei-me...
Embora estivesse faminto, não sequer me deti
Pois as expectativas jorravam como fonte 
Solapando os possíveis pensamentos, sentimentos, emoções...
(...)
Depois de um determinado tempo,
Além do combinado
" Parênteses"
(Por que razão não somos aptos à começar no momento combinado? Por que não existe prioridade nesse momento?
 Até agora não entendo,
Mas luto em tentar compreender,
Mas,
"Fecha parênteses"
). 

O clima estava tenso,
Talvez as obrigações da vida, repletas de altos e baixos,
Propiciasse um reboliço avassalador,
Das almas que ali se encontravam...
Não existiu plena concentração,
A dispersão era intensa,
Tão intensa que o barulho era ensurdecedor,
Os sons se dissipavam no ar,
Contudo estrilhaçavam meu coração...
Derrubavam as minhas expectativas,
Meus anseios esvaíram por alguns segundos...
Meu coração estava acelerado,
As mãos pálidas, descoradas...
Entristeci-me!

A discussão era iminente,
E, ela, em seus pormenores ocorreu.
Os olhores revelaram, sutilmente,
Aquilo que estava cheio o coração,
Julgamentos, incertezas, inseguranças pairavam naquele instante...
O que eu podia fazer?
Imóvel, tentava disfarça o mal estar...
Fechei meus olhos para que talvez assim,
Eu me transportasse para um outro lugar,
Ameno, calmo,
Assim como em um dia que está para nascer,
Onde os raios solares iluminassem o ambiente,
Me fizessem entender,
Que há razão na minha existência,
O fato de estar ali,
Convivendo com diferentes personalidades,
Fosse a oportunidade de aprender um pouco mais
Sobre a comunhão, 
Sobre os espinhos da carne,
Sobre o quão a vida tem de pedras pelo caminho...
...
Acabou o momento do encontro,
O sangue fervente parecia ter se esfriado um pouco mais...
Parecia...
Saí dali triste, desmotivado...
Enojado,
O mal estar ainda persistia...
...
Deitei na cama,
Eram quase onze da noite,
Eis que, de repente, o sono me alcança,
Dormi...
E foi assim, no sublime poder do sono que me libertei do fúnebre
Mal estar...

Por: Hugo Otávio
Data: 23/09/2010

Um comentário:

Aline disse...

Engraçado...
Ao ler o texto também senti um mal estar, alguma coisa ia acelerando a medida que fui lendo, tive até a impressão de estar pulando algumas linhas, mas não estava.