março 26, 2010

A artimanha da frieza médica


Sempre ouvi as pessoas dialogarem sobre a frieza médica. Falam que quando vão buscar ajuda para seus males, encontram uma gama de doutores "frios", os quais desapontam na consulta, apesar de solucionarem o problema, em sua maioria.

Bem, não estou aqui para defender nenhum lado. Apenas, como sempre, refletir algumas das razões que tem levado essa frieza do jaleco branco.

Aprendi que para se ter uma opinião arquitetada e sustentada é preciso ver os dois lados da moeda. Não basta apenas apontar, afirmar ou taxar determinada atitude com apenas uma direção ou ponto de vista. Pois bem, a cada dia que se sucede venho observando que uma certa parcela das atitudes e "gelo" por parte dos profissionais de saúde, a exemplo dos médicos, possuem coerência e sentido.

Mais uma vez ratifico não estar defendendo esse tal distanciamento em relação ao paciente, pois acredito piamente em uma relação benéfica, harmônica e equilibrada por ambas as partes, mas como uma das explicações para esse resguardo estaria na própria proteção, em termos sentimentais e psicológicos, por parte do médico. Imagine você, sendo todo tempo bombardeado com angústias, frustrações e decepções, precisando se envolver com elas, mesmo não tendo participação ativa sobre as mesmas. Pense como seria conflitante viver com as singularidades alheias, além das suas próprias. Obviamente não seria fácil de se viver, muito menos suportar.


O que muitos esquecem é que, apesar do médico ter feito essa grande escolha, "viver em auxílio do outro", é preciso estabelecer limites! Sem estes, o caos interior do ser humano médico entraria em colapso. Se não é o que rotineiramente tem sido fato: médicos estão se tornando pacientes! Uma árdua rotina diária, estressante e avassaladora, somando-se ao envolvimento sentimental e psicológico com as angústias frequentes a sua frente.

Antes eu me questionava o por quê. Atualmente tenho refletido mais a respeito de comos julgamos tantas coisas sem entendê-las, nem que seja um pouquinho, para concretizar os nossos pensamentos. Talvez assim, poderíamos ver que o escape médico encontre na frieza e distanciamento a artimanha necessária para que muitas vidas possam continuar sendo revigoradas e, a saúde do médico, preservada.


Pense a respeito!


Por: Hugo Otávio
Data: 27/03/2010


2 comentários:

Bruniele Souza disse...

é verdade! Não acredito em FRIEZA total por parte dos médicos! Se eles não fossem movidos pelo amor à vida, jamais tinham se dedicado em buscar salvá-la e torná-la melhor! É a entrega de uma vida, por toda a vida para que muitas vidas tenham vida!

Anônimo disse...

Talvez quem diz que os médicos são frios, confunde frieza com racionalidade.
Por exemplo, algumas pessoas dizem que querem "reconquistar" seu amor. Respondo o seguinte: não existe reconquista. Quem ama, ama. Quem não ama, não fica em dúvida nem responde que não sabe o que está sentindo. O amor acontece de forma natural."

Aí o que a pessoa responde? "Puxa, como vc é frio!".

Frio, não. Realista. É essa a realidade: quem deixou de estar de alguém, é porque não amava. Não existe isso de "reconquistar" marido, esposa, namorado(a)...