julho 10, 2010

As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Bruniele Souza disse...

"Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim"
Eu te amo porque viver comigo mesma e em mim mesma seria mais sem graça do que não sorrir por nada nesse mundo...

Mente Hiperativa disse...

Esse Carlos é o cara....

Já pensou um filho de Drummond e Clarice?????

Seria um mosntro da literatura! Deveriam fazer esse guri, com a ciência avançada de hoje em dia né, deve ser possível.