maio 28, 2008

Barcelona


Um pouco da historia...


As comemorações dos 150 anos do nascimento do arquitecto catalão Antoni Gaudí, no próximo dia 25 de Junho, poderão ser um excelente pretexto para largar amarras de Lisboa (ou do Porto) e passar uns belíssimos dias em Barcelona. Além de mais de uma centena de exposições previstas sobre a obra de Gaudí, ao longo de 2002, nada melhor do que admirar o legado de edifícios que deixou à cidade, a começar pela Igreja (inacabada) da Sagrada Família.

«Eu gostaria de viver em Barcelona», afirmou Keith Haring, um pintor natural da Pensilvânia, depois de ter descrito a cidade como um lugar fascinante, onde a energia e a atmosfera mágica se misturam. «Eu também», dirão muitos dos milhares de turistas que todos os anos visitam a cidade onde o passado vive em perfeita sintonia com o presente e com o futuro, onde a cultura, a gastronomia, a arquitectura e o ser catalão conquistam o mais céptico. Dona de um porte grandioso, de uma atmosfera descontraída e alegre Barcelona é, para quem não quer ou não se pode mudar para lá, um local a revisitar.


Barcelona, capital da Catalunha, orgulhosa, soberana no sentir do seu povo, hospitaleira e acolhedora, local de derrotas históricas e de vitórias recentes, vitórias que se comemoram colectiva ou individualmente de cada vez que um visitante resolve tomar para si a chave da cidade e transformá-la na sua cidade adoptiva e de cada vez que o catalão sente como sua uma conquista do Barça sobre o seu arqui-rival, o Real Madrid.


Da história catalã rezam várias tentativas de conquista de soberania nacional, nunca verdadeiramente alcançada, mas apesar dos revezes o orgulho de ser catalão mantém-se intacto, facto que pode ser comprovado na festa nacional anual celebrada a 11 de Setembro, a "Diada". Neste dia tão especial para os habitantes da Catalunha, celebra-se uma derrota! Uma derrota militar onde a soberania nacional ficou mais uma vez longe do horizonte deste povo. A dança chama-se "la sardana" e a coreografia interpretada por vários círculos de pessoas de mãos dadas é intimista e simples a contrastar com as danças tradicionais de outros povos em que a alegria é o sentimento a realçar.


Virada para o Mediterrâneo, Barcelona soube crescer de uma forma ordenada e integrada. Este crescimento conheceu as suas raízes no projecto urbanístico concebido em 1856, cuja filosofia assentou na integração das aldeias próximas, derrubando as muralhas medievais e abrindo a cidade às zonas circundantes.


Bairros tão diferentes como o bairro Gótico, o mais antigo de Barcelona, e o bairro El Eixample, construído durante a terceira metade do século XIX e que é hoje o centro de Barcelona, coexistem em perfeita harmonia. Para isso contribuiram arquitectos como Gaudí, Domenech i Muntaner ou Puig i Cadafalch. Os edifícios desenhados e criados por estes homens ajudaram em muito a criar a imagem de modernidade e prosperidade que Barcelona actualmente deixa transparecer e são um dos focos de atracção para os milhares de visitantes que a cidade alberga todos os anos.


O fascínio do passado
É difícil escolher o que se quer fazer ou conhecer entre os muitos parques, museus, edifícios de interesse arquitectónico, passeios à beira mar e caminhadas nos bairros, portanto aqui vão algumas dicas que servirão para uma primeira visita e para lhe abrir o apetite para futuras incursões.


Passear pelo bairro Gótico é obrigatório para apreciar a zona velha da cidade. Com ruas estreitas, repletas de monumentos históricos, restaurantes, bares e pensões de várias categorias, alberga no seu interior a catedral, o Museu de História da Cidade para além das torres gémeas semicirculares, único resquício das muralhas medievais e que pode encontrar na Praça Nova. Mas neste bairro a actividade mais agradável é deambular, parando aqui e ali onde os olhos se fixarem, mas cuidado os roubos a turistas são frequentes e de difícil antecipação. Leve a sua mala bem segura e a máquina fotográfica bem escondida, tire-a apenas por breves instantes e volte a guardá-la, mantenha-se alerta.


Continuando o seu passeio pedestre, atravesse a Via Laietana e entre no bairro Ribera, o mais agradável da cidade com a sua atmosfera fresca e agradável que deverá apreciar procurando uma esplanada numa das muitas praças existentes. É nestas imediações que se encontram os palácios particulares mais imponentes da cidade, como o palácio Dalmases, o Palácio dos Marqueses de Llió, ou o Palácio Aguilar. Os mais antigos datam do século XIV. O Palácio Aguilar é hoje o Museu Picasso. Dentro desta mansão do século XV, toda em pedra nitidamente medieval, pode encontrar obras dos primeiros anos de trabalho do pintor, entre as quais se encontra a série "As Meninas", inspirada na pintura de Velásquez.


Ainda neste bairro, na rua Amadeu Vives, escolhido para Património Mundial pela UNESCO, está o Palácio de Música Catalã, obra modernista e a mais conhecida do arquitecto Domènech i Montaner. Esta sala de concertos, construída em 1908, é de uma beleza esmagadora e opulenta onde salta à vista um tecto de vitrais em forma de cúpula invertida.


O talentoso Mr. Gaudí



Antoni Gaudi Imaginação, criatividade, talento e loucura são alguns dos adjetivos que podem ser facilmente aplicados a Antoni Gaudí. Responsável por construções originais e arrojadas, elas transformaram-se no ex-libris de Barcelona e nos primeiros locais a atrair a atenção dos turistas. É no bairro "El Eixample", cortado por avenidas largas, que se podem encontrar as suas obras mais conhecidas como é o caso da Casa Milà, também conhecida por A Pedreira, onde as formas curvas e onduladas predominam, acabando num terraço com chaminés de várias alturas e formatos.


No final da Avenida Gaudí o arquitecto começou a construir aquela que é hoje a sua obra mais visitada a Igreja da Sagrada Família, ainda inacabada. De uma grandiosidade estonteante, esta obra-prima do modernismo é um dos emblemas da cidade e é capaz de hipnotizar os apreciadores de pormenores arquitectónicos.

Ponto de passagem obrigatório para um passeio entre obras de arte integradas na natureza é o Parque Güell. Concebido inicialmente para albergar uma cidade-jardim, com 60 chalés e instalada numa encosta montanhosa sobre a cidade, o projecto acabou por falhar mas o interesse dos visitantes continua vivo. Para isso contribuem as estruturas criadas por Gaudí, nomeadamente a sala das cem colunas, verdadeiramente fascinante e o terraço ladeado por um banco gigante e colorido com uma forma ondulante.


Com o futuro no horizonte

Mas Barcelona não vive só dos turistas. Vive também para o desenvolvimento económico e social. Conhecida como a cidade das Feiras e dos Congressos, alberga hoje mais de duas mil empresas estrangeiras e consegue arrecadar cerca de 20% do total do investimento estrangeiro em Espanha. Entre convenções, congressos, simpósios, jornadas e cursos de formação, foram à volta de mil os eventos deste género organizados durante o ano de 2000 e que chamaram à cidade mais de 135 mil pessoas e que em conjunto com os visitantes desse ano deram a Barcelona uma receita de cem mil milhões de pesetas.
Para o desenvolvimento cultural, económico e arquitectónico da cidade contribuiram duas exposições universais, a primeira em 1888, a segunda em 1929 e os Jogos Olímpicos de 1992. No horizonte encontra-se ainda Barcelona 2004, Fórum Universal da Cultura.
E porque os pólos de interesse são tantos e tão variados, há sempre algo de novo para ver. Para conhecer bem a cidade saboreie-a lentamente e revisite-a sempre que possível pois vale a pena.
E o mar ali tão perto
Barcelona lavou a cara para acolher os Jogos Olímpicos em 1992, e com que belo rosto ficou. O mediterrâneo de águas azuis e convidativas está ali para quem o quiser ver e banhar-se nele. A costa foi despojada de estruturas industriais velhas, de armazéns e sujos e a cidade ganhou em beleza e espaços lúdicos com duas zonas bem distintas, o "Maremagnum" e o Porto Olímpico.
Para visitar a primeira aconselho-o a entrar pela Praça da Catalunha, descer as Ramblas, passeio urbano diário. É nesta curta avenida que se instalaram os comerciantes com pequenos quiosques de venda de souvenirs para os turistas, os artistas de rua com as suas interpretações de estátuas, cobertos de pinturas abstratas prateadas, douradas, verdes, malabaristas e músicos. Descanse da azáfama que se vive nesta rua atravessando uma ponte levadiça que desenha a ondulação do mar, construída em tábuas de madeira e que acaba na pequena Península artificial "Maramagnum". Restaurantes, bares, uma sala de projecção de filmes IMAX 3D e um grande aquário são as principais atracções deste local bastante mais aprazível à noite quando o calor aperta e o mar convida a uma paragem num dos bancos com vista para o céu e para a cidade.
A segunda zona, o Porto Olímpico, é a casa dos iates e as docas lá do sítio. Aqui os amantes da vida nocturna têm um leque imenso de restaurantes, bares e discotecas onde podem ficar até de manhã. Mas se quiser jantar num ambiente mais romântico e calmo procure uma das praias antes de chegar ao Porto Olímpico e sente-se num dos restaurantes com esplanadas viradas para a areia com velas a criar ambiente.
Se não tiver tempo para mais, lembre-se que ainda ficaram muitos locais para visitar como Montjuïc, uma das colinas da cidade, onde fica a maravilhosa Fundação Joan Miró e um impressionante jardim de cactos de todos os tamanhos e feitios; passeios para fazer na cidade e arredores; museus e mais museus; parques; e momentos ao sol para depois acabar nas águas mornas e amenas do Mediterrâneo.

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